terça-feira, 3 de dezembro de 2013

QUE BABEL ME LIVRE

Estava ali sobre o sofá. Pronto a sair de novo.
Seu corpo alimentava fantasias várias.
E havia muitas mais para alimentar.
Vozes soavam. Há muito, anunciavam sua morte.
Ali debaixo do edredom filosofava sobre o gráfico de seu destino.
Tinha intenção de realizar aquele velho projeto: digitalizar e disponibilizar toda a obra Dele.
O que Ele acharia disso?
Vivia agora cheio de alcatrão e cachaça.
Joga o edredom para longe.
Um leve medo. Ontem fora cercado por um parente seu que vivera entre monges dominicanos: o velho sacana Poliphili Hypnerotomachia. Todos achavam esse nome intragável. Seus pais escolheram esse nome depois de decidirem não mais beber. Talvez venha daí o intragável.
O pai passara a freqüentar igrejas léxicas. Contaminara-se do fervor das entrelinhas.
A mãe resolvera ser estilista bibliófila, mania de lombadas, quartas capas, cabeças, guardas brancas, miolos, pés.

Ela tinha um pé! Que pé! Babel me livre!

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